Sou velha e triste. Nunca o alvorecer
Dum riso são andou na minha boca!
Gritando que me acudam, em voz rouca,
Eu, náufraga da Vida, ando a morrer!
A Vida, que ao nascer, enfeita e touca
De alvas rosas a fronte da mulher,
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer!
E dizem que sou nova... A mocidade
Estará só, então, na nossa idade,
Ou está em nós e em nosso peito mora?!
Tenho a pior velhice, a que é mais triste,
Aquela onde nem sequer existe
Lembrança de ter sido nova... outrora...
Florbela Espanca
Este poema reflecte aquilo que a maioria dos idosos sentem e pensam na sua velhice. Mas aquela velhice, a "Pior Velhice", é aquela que é a mais triste, aquela onde nem nos lembramos de ter sido novos, de um outrora que para alguns nunca existiu...
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